Navegando em meu TWITTER li um artigo muito interessante do Marcos Morita sobre os efeitos da "nova gripe" no mercado corporativo e resolvi publicá-lo na íntegra.
Por Marcos Morita
Mas nem tudo está perdido, pelo menos aos fabricantes de máscaras, álcool em gel e remédios contra a gripe. Os grupos farmacêuticos de determinados produtos tiveram vendas na casa de um bilhão de dólares somente no primeiro trimestre, triplicando os resultados em relação ao ano anterior.
Apesar de toda a euforia no setor, há uma preocupação generalizada sobre a possível falta destes medicamentos. Governos informam que há quantidade suficiente para os casos mais severos e pessoas pertencentes ao grupo de risco. Vacinas já começaram a ser desenvolvidas, mas com previsão de conclusão a partir de setembro.
Contudo, considerando que os óbitos estão atingindo também pessoas saudáveis, haverá remédio suficiente para imunizar toda a população? Acredito que esta seja uma preocupação relevante e temo que a resposta para esta intrigante questão seja negativa.
Os laboratórios foram pegos de surpresa com a chegada da nova gripe, cuja procura superou qualquer sazonalidade, como as gripes comuns, típicas no inverno. Apesar dos lucros, as empresas têm difíceis decisões a serem tomadas.
Concentrar todos os esforços na produção desses produtos devido ao aumento repentino da procura pode custar caro. Aumentar a produção requer altos investimentos e leva tempo. Dedicar-se a isso sem boas doses de planejamento pode gerar excesso de estoques e capacidade produtiva ociosa quando a gripe passar.
Alocar parte das linhas de produção para a fabricação dos itens em evidência no momento pode ainda significar a diminuição ou a paralisação temporária na produção de outros produtos. Os concorrentes poderiam aproveitar este vácuo, tomando espaço nestes mercados.
Aumentar preços não é politicamente correto numa situação de pânico mundial, apesar de tentador. Mancharia a imagem das empresas, as quais poderiam ser chamadas de oportunistas. Conforme a teoria, seria a estratégia correta para diminuir a procura em situações normais, o que definitivamente não é adequado neste caso.
Enfim, quero reforçar que os laboratórios não podem se deixar levar pela onda da nova gripe sem qualquer preocupação extra com o planejamento empresarial. Aumentar a produção e garantir que não falte medicamento aos que realmente necessitam é a obrigação deles. Mas é preciso cuidar muito bem da estratégia do negócio para que os lucros obtidos agora não se transformem em grandes prejuízos no futuro.
Marcos Morita é mestre em administração de empresas, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie e executivo há 15 anos em multinacionais.
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